Atendimento aos Pais – Acolher e Dialogar!

O convite para conversar com a família da criança em particular, pode, a princípio, ser recebido com apreensão, desconfiança e gerar um sentimento de ansiedade por parte dos pais e/ou cuidadores. Muitos, logo pensam “vão reclamar do meu filho!” e até verbalizam essa inquietação se antecipando com a pergunta: “O que ele(a) fez, professora?”. Esse anseio é muito comum, afinal, quem de nós nunca se sentiu apreensivo em situações nas quais fomos abordados e nos sentimos despreparados? Desse modo, para receber as famílias em um clima agradável, no qual estejam abertos a se colocar e a ouvir e que de fato seja uma conversa positiva que se converterá em ações de apoio à criança, é preciso que tenhamos alguns cuidados ao abordar, conversar e estabelecer combinados com os pais.

1. Faça combinados e esclareça previamente as famílias sobre os procedimentos e objetivos dos atendimentos individualizados

É importante estabelecer combinados prévios com as famílias sobre os objetivos dos atendimentos individuais, isso evita que os pais recebam o convite para uma conversa com tanta surpresa ou resistência. Esses combinados podem ser feitos na Reunião de Pais, por exemplo ou, se não for possível, por meio de uma cartinha ou bilhete que esclareça e exemplifique as situações nas quais esses atendimentos trazem segurança e qualidade ao trabalho realizado com a criança. Ao antecipar os objetivos do atendimento, é indispensável deixar claro que assuntos específicos devem ser tratados particularmente e com a atenção, respeito e seriedade que a criança merece.

Explique aos pais que, por mais simples que possam parecer aos olhos dos familiares, a abordagem de quaisquer assuntos sobre a criança na porta da sala devem ser evitados, pois nesses momentos as crianças estão chegando (ou saindo) e aguardando a interação com a professora, e que como outras demandas estão à sua espera podemos acabar falhando pela rapidez e falta de atenção ao ouvir e dar devolutiva à família sobre o questionamento trazido. Além disso, é um momento de movimentação, outras famílias e crianças estão circulando no espaço, de modo que o assunto pode ser exposto à participação mesmo que involuntária de terceiros. Assim, explique a necessidade de que as conversas sejam agendadas com antecedência para que possam se organizar. Esteja aberta para solicitações de atendimento feitas pelas famílias, muitas dúvidas podem surgir sobre a educação escolar na Primeira Infância e saber que você está disponível para conversar e esclarecê-las trará segurança às famílias.

2. Compartilhe seu olhar sobre a criança com a Coordenação e verifique a possibilidade de realizar o atendimento em parceria com a Equipe Gestora de sua escola

Em muitos momentos, nosso olhar para as especificidades da criança vem acompanhado de questionamentos internos a respeito do desenvolvimento infantil e das possibilidades de que a conversa com a família possa contribuir para ampliar nosso conhecimento sobre a criança. Por vezes, nos perguntamos: “Será que tal comportamento ou resposta dada pela criança é natural à faixa etária ou realmente está retratando algo que precisa de maior atenção? Até que ponto devo esperar? Informações trazidas pelas famílias e combinados podem contribuir com meu trabalho?”. Diante desses questionamentos, busque a coordenação da escola, compartilhe seus anseios, assuma os profissionais que trabalham na Equipe Gestora como seus parceiros, converse sobre, observem juntos a criança em diferentes momentos e situações, troque ideias e avalie em colaboração com a equipe as possibilidades de abordagem da família.

Lembre-se sempre que a responsabilidade pela aprendizagem e desenvolvimento dessa criança não precisa ser solitária e que compartilhar suas observações e anseios trará segurança na abordagem e efetividade à conversa com a família. Para a realização do atendimento, verifique antecipadamente a possibilidade de acompanhamento da Equipe Gestora, de modo que todos os assuntos pautados sejam assegurados e abordados com calma e, principalmente, que as informações sobre a criança e o compromisso com o seu bom desenvolvimento seja compartilhado com todos os responsáveis: família e escola, esta na figura do professor e da equipe gestora.

3. Seja gentil e cuidadosa com as palavras ao convidar a família para uma conversa

O bom atendimento começa na abordagem! Como você já conversou previamente com as famílias sobre a importância de atendimentos individuais para conversar sobre as especificidades das crianças, os pais já compreendem ou ao menos conhecem as motivações que o levam a solicitar um agendamento. Ainda assim, imagine qual sentimento lhe desperta quando alguém diz: “Eu quero conversar com você!”. Nós, particularmente, queremos saber o assunto naquele momento. Quando não nos dizem de antemão, mentalmente criamos possibilidades, até que nos digam do que se trata. E você, já se sentiu assim? Curiosidade e ansiedade não farão bem para a conversa, com certeza. E, se o convite vier acompanhado de uma expressão não muito agradável, com tom de reclamação… Ah! O que vamos conseguir? Pais “armados”, sem abertura para compartilhar informações ou para ouvir o que temos a dizer. Qual a melhor abordagem então? Para esse tipo de convite – o de uma conversa individual – a abordagem, quando feita pessoalmente, gera mais confiança e tranquilidade. Exemplificando: imagine uma mãe recebendo um bilhete de que a professora de seu filho ou filha quer conversar com ela. Pronto! Mil coisas lhe passam pela cabeça, como dissemos anteriormente, ansiedade e apreensão que não contribuirão para um diálogo no qual se estabeleça parceria com a família. Já quando o convite é feito pessoalmente ou, em caso de impossibilidade, por telefone, você consegue fazer a abordagem de uma forma mais carinhosa, esclarecendo as primeiras dúvidas e assumindo uma postura parceira, o que gera maior tranquilidade. Cabe dizer, por exemplo: “Tenho feito algumas observações do ‘Pedrinho’ e gostaria de conversar com você, compartilhar meu olhar e saber um pouco mais sobre seus hábitos e sua rotina familiar. Podemos agendar um horário para conversarmos melhor?”. Sugira algumas possibilidades de horário e verifique a disponibilidade da família. É importante não ser determinante, mas mostrar respeito com os compromissos da família, dando a possibilidade para que confirmem o horário posteriormente se for necessário.

4. Prepare-se para a conversa

Criar o hábito de registrar a prática e suas observações é um exercício constante. Quando se trata de um olhar especial sobre determinada criança, esses registros se tornam ainda mais importantes, pois estes te apoiarão na retomada do que foi observado, na reflexão sobre quais características, ações e comportamentos da criança  merecem um olhar mais atento e investigativo, assim como na organização do atendimento que será realizado. Vale utilizar como recurso registros diversos como fotos, vídeos, atividades da criança e anotações feitas pelo professor. Tendo estes registros compilados, analise e antecipe pontos essenciais que devem ser cuidadosamente trazidos para a conversa. Sugerimos que preveja algumas perguntas, pensando sobre o que gostaria de saber a respeito da criança e sobre o quanto essas informações podem te ajudar a compreendê-la melhor, apoiando o seu trabalho, assim evitamos ser invasivos com os assuntos familiares e conduzimos a conversa de modo que traga informações que efetivamente possam se traduzir em práticas que melhor atendam a criança. Selecione ainda as informações que queira compartilhar com a família, exemplificando sua fala. Faça também o registro desse atendimento, de maneira que os pais deem ciência ao que foi conversado e acordado entre escola e família. O registro é importante inclusive para que os apontamentos realizados na conversa possam ser resgatados sempre que haja necessidade.

5. Exercite a empatia

Como colocamos anteriormente, ao nos posicionarmos no lugar de alguém que se sente apreensivo pela possibilidade de dar ou receber um apontamento ou notícia que julga ser negativa sobre seu filho, aquele no qual são depositadas as melhores expectativas e por quem são responsáveis, conseguimos mensurar o quanto um momento de conversa individual pode ser  difícil e delicado para os pais. Por isso, procure sempre agir com empatia, esteja pronta a escutar sem julgamentos, se mostre preparada para oferecer palavras de segurança às famílias e tenha sempre o propósito de assumir postura parceira, demonstrando sua preocupação e responsabilidade com a aprendizagem e desenvolvimento da criança.

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Monique Ribeiro
Pedagoga

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Equipe Prosa Pedagógica